O início
Quando no post passado falei que iria tentar apresentar algo sobre mercados financeiros para os mais jovens, não entendam como discriminação àqueles que têm mais idade. Quem sabe, poderei estar falando até mesmo para os da terceira idade, como eu? Conhecimento não escolhe idade. Vamos lá!
Iniciar aplicações no mercado financeiro, não considero tarefa fácil, principalmente diante da vasta gama de alternativas que estão disponíveis. No entanto, não é para desanimar, piois nossas economias não podem ficar sofrendo processo de corrosão debaixo de um colchão.
Volto-me agora, pelos idos de 1968, lá pelo meio do ano, quando já completava um ano de atividade profissional e possuía algumas economias. Cheguei à conclusão que precisava fazer meu dinheiro render, pois pretendia casar em breve. Onde investir, se não tinha sequer conhecimento mínimo de aplicações financeiras que não fosse a tradicional e velha caderneta de poupança, que pouco rendia?
Conversando com colegas de trabalho sobre o assunto, lembro-me bem da colocação de Álvaro Sérgio Maia, prematuramente falecido, experiente já em aplicações financeiras, pois seu irmão era gerente do Banco do Brasil à época. Dizia ele: "aplica na Bolsa que vai ocorrer um boom e quem lá estiver vai ganhar rios de dinheiro". Quem sabe seja esta a primeira lição a ser observada? Ouvir atentamente o quê os insiders dizem. Legal! Mas como aplicar se não conhecia os mecanismos e sempre ouvia dizer o que ainda dizem hoje: Bolsa é para quem vive lá dentro; quem está de fora alimenta os grandões do mercado.
Mas como prudência e caldo de galinha não faz mal a ninguém, como dizia minha saudosa avó, fui conversar com o gerente do Banco Real, onde tinha minha conta salário, o amigo Francisco, grande velejador das horas vagas. Sugeriu Francisco que eu não aplicasse todo o meu dinheiro na Bolsa, pois era um mercado de renda variável(?!) e sujeito a riscos. Falava que existiam aplicações de renda fixa, onde você já saberia o quanto ganharia ao final do prazo da aplicação. Eram os CDB - Certificado de Depósito Bancário. Explicou-me como funcionava e foi bem claro dizendo que, se aplicasse com ele, contaria para seu prêmio ao final do ano. Não me enrolou.
Aprendi mais uma coisa: quanto maior a expectativa de ganho, maior o risco da aplicação (segunda lição).
Voltei a falar com Álvaro e ele dizia. "Dias (como eu era chamado na empresa), divide a aplicação; não coloca todo o dinheiro em um único cesto. Caso o cesto fure, vai tudo por água abaixo". Considero esta a terceira lição para aplicar nossas economias. Parti então em busca de um corretor que me ajudasse a aplicar na Bolsa o pouco que tinha destinado a este mercado. Foi difícil, pois as corretoras só trabalhavam com grandes investidores. Foi então que, mais uma vez, Álvaro me socorreu e me apresentou a um amigo que se dispôs a investir minha grana.
Assim foi, dividi o capital a ser investido em CDB e na Bolsa. Lembro-me bem que meses após ter investido em ações do Banco do Brasil, que eram a menina dos olhos da Bolsa, já estava com um resultado excelente, pois as ações vinham subindo à razão de uma unidade monetária ao dia (não lembro mais qual era a moeda da época!). Era o início do boom de que o Álvaro havia falado.
Eu estava todo animado, pois enquanto ao final de 6 meses de aplicação iria ter uma valorização de X, em poucos meses (talvez 2 ou 3) de aplicação na Bolsa, já havia acumulado uma valorização de 3X. Foi quando conversei com meu pai, também Álvaro, um mecânico eletricista, com apenas o curso primário, mas um devorador de livros, jornais e revistas da época, e dizia a ele o quanto estava ganhando na Bolsa. Do alto de sua sabedoria e experiência de vida, meu pai fez a seguinte colocação: "mas e então, você já vendeu as ações?" Ao que respondi: "não, vou esperar valorizar mais". A observação que meu pai fez logo a seguir, transformou-se para mim, na quarta lição sobre investimento: "você só pode dizer que ganhou, quando o dinheiro estiver na tua mão, ou na conta bancária". No dia seguinte vendi todas as ações do Banco do Brasil. Faturei uma boa grana graças a meu pai, que nada entendia de Bolsa. Passados alguns meses foi aquela quebradeira no mercado de ações, provocada, segundo diziam à época, por uma das maiores corretoras atuando no mercado. Aqui cheguei à quinta lição do mercado: ter um corretor de confiança é meio caminho andado para o sucesso no mercado de ações. Não querendo avançar no tempo, hoje já temos disponíveis as facilidades de home brokers que oferecem grande agilidade para aplicações e resgate, mas ter a assistência de um corretor sempre ajuda e permite avaliar junto com ele, oportunidades e riscos de cada negócio, visto que o corretor é o elemento que temos lá dentro (da Bolsa).
E assim fui levando a vida, ouvindo, observando, analisando e estudando o mercado financeiro. Espero voltar a tratar do assunto amanhã, avançando no tempo. Paciência que chego lá!
Iniciar aplicações no mercado financeiro, não considero tarefa fácil, principalmente diante da vasta gama de alternativas que estão disponíveis. No entanto, não é para desanimar, piois nossas economias não podem ficar sofrendo processo de corrosão debaixo de um colchão.
Volto-me agora, pelos idos de 1968, lá pelo meio do ano, quando já completava um ano de atividade profissional e possuía algumas economias. Cheguei à conclusão que precisava fazer meu dinheiro render, pois pretendia casar em breve. Onde investir, se não tinha sequer conhecimento mínimo de aplicações financeiras que não fosse a tradicional e velha caderneta de poupança, que pouco rendia?
Conversando com colegas de trabalho sobre o assunto, lembro-me bem da colocação de Álvaro Sérgio Maia, prematuramente falecido, experiente já em aplicações financeiras, pois seu irmão era gerente do Banco do Brasil à época. Dizia ele: "aplica na Bolsa que vai ocorrer um boom e quem lá estiver vai ganhar rios de dinheiro". Quem sabe seja esta a primeira lição a ser observada? Ouvir atentamente o quê os insiders dizem. Legal! Mas como aplicar se não conhecia os mecanismos e sempre ouvia dizer o que ainda dizem hoje: Bolsa é para quem vive lá dentro; quem está de fora alimenta os grandões do mercado.
Mas como prudência e caldo de galinha não faz mal a ninguém, como dizia minha saudosa avó, fui conversar com o gerente do Banco Real, onde tinha minha conta salário, o amigo Francisco, grande velejador das horas vagas. Sugeriu Francisco que eu não aplicasse todo o meu dinheiro na Bolsa, pois era um mercado de renda variável(?!) e sujeito a riscos. Falava que existiam aplicações de renda fixa, onde você já saberia o quanto ganharia ao final do prazo da aplicação. Eram os CDB - Certificado de Depósito Bancário. Explicou-me como funcionava e foi bem claro dizendo que, se aplicasse com ele, contaria para seu prêmio ao final do ano. Não me enrolou.
Aprendi mais uma coisa: quanto maior a expectativa de ganho, maior o risco da aplicação (segunda lição).
Voltei a falar com Álvaro e ele dizia. "Dias (como eu era chamado na empresa), divide a aplicação; não coloca todo o dinheiro em um único cesto. Caso o cesto fure, vai tudo por água abaixo". Considero esta a terceira lição para aplicar nossas economias. Parti então em busca de um corretor que me ajudasse a aplicar na Bolsa o pouco que tinha destinado a este mercado. Foi difícil, pois as corretoras só trabalhavam com grandes investidores. Foi então que, mais uma vez, Álvaro me socorreu e me apresentou a um amigo que se dispôs a investir minha grana.
Assim foi, dividi o capital a ser investido em CDB e na Bolsa. Lembro-me bem que meses após ter investido em ações do Banco do Brasil, que eram a menina dos olhos da Bolsa, já estava com um resultado excelente, pois as ações vinham subindo à razão de uma unidade monetária ao dia (não lembro mais qual era a moeda da época!). Era o início do boom de que o Álvaro havia falado.
Eu estava todo animado, pois enquanto ao final de 6 meses de aplicação iria ter uma valorização de X, em poucos meses (talvez 2 ou 3) de aplicação na Bolsa, já havia acumulado uma valorização de 3X. Foi quando conversei com meu pai, também Álvaro, um mecânico eletricista, com apenas o curso primário, mas um devorador de livros, jornais e revistas da época, e dizia a ele o quanto estava ganhando na Bolsa. Do alto de sua sabedoria e experiência de vida, meu pai fez a seguinte colocação: "mas e então, você já vendeu as ações?" Ao que respondi: "não, vou esperar valorizar mais". A observação que meu pai fez logo a seguir, transformou-se para mim, na quarta lição sobre investimento: "você só pode dizer que ganhou, quando o dinheiro estiver na tua mão, ou na conta bancária". No dia seguinte vendi todas as ações do Banco do Brasil. Faturei uma boa grana graças a meu pai, que nada entendia de Bolsa. Passados alguns meses foi aquela quebradeira no mercado de ações, provocada, segundo diziam à época, por uma das maiores corretoras atuando no mercado. Aqui cheguei à quinta lição do mercado: ter um corretor de confiança é meio caminho andado para o sucesso no mercado de ações. Não querendo avançar no tempo, hoje já temos disponíveis as facilidades de home brokers que oferecem grande agilidade para aplicações e resgate, mas ter a assistência de um corretor sempre ajuda e permite avaliar junto com ele, oportunidades e riscos de cada negócio, visto que o corretor é o elemento que temos lá dentro (da Bolsa).
E assim fui levando a vida, ouvindo, observando, analisando e estudando o mercado financeiro. Espero voltar a tratar do assunto amanhã, avançando no tempo. Paciência que chego lá!
1 Comments:
Dei uma mancada e pus no texto errado. Repito:
JCelso disse...
Você me traz a lembrança do Álvaro e dos tempos da Bolsa, em 68. Eu, por acaso, não guardei os salários da viagem à Holanda, não estava noivo, encontrei quase nada na conta ao voltar (meus procuradores haviam feito "bom uso"). Algum tempo depois, creio que já em 69, andei investindo algum dinheiro via um corretor chamado Armandinho, que operava pra muita gente na Embratel. Até que, como disse Peixoto, tomei um porre de Brahma e me enrolei nos tecidos Bangu. Não perdi tudo, mas deixei de ganhar algum dinheiro.
Bolsa era pra quem podia ir pro "aquário", ficar vendo a oscilação e, mais ou menos on-line, comandar compras e vendas. Fausto fazia isso e acho que ganhou bastante dinheiro. Bons tempos aqueles. Hoje, parece, nem Bolsa na Pça. XV tem mais.
2/1/07 16:08
By João Celso, at 2/1/07 21:39
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