Domingo, Maio 25, 2008

Você tem ações da Petrobras?

A Idade da Pedra não acabou por falta de pedra, a Idade do Petróleo acabará muito antes do Petróleo se esgotar. – Luiz de Sousa – Geólogo.

Tenho visto nos últimos dias comentários de diversos analistas e articulistas sobre os elevados preços do petróleo no mercado internacional e as sucessivas altas. Uns dizem que o aumento é devido ao dólar fraco, o que estaria levando os investidores a aplicar na commodity. Outros se dizem preocupados com o abastecimento no longo prazo, uma vez que os países não associados à OPEP não apresentam condições técnicas, no momento, de ampliar suas exportações.
A articulista Miriam Leitão, no O Globo de 24/05/2008, diz que “o terceiro choque do petróleo talvez fique conhecido daqui a alguns anos, como aquele no qual o mundo custou a acreditar. O barril estava em torno de US$ 60 em maio do ano passado. Está acima de US$ 130 e ainda não é chamado de choque”.
Ao mesmo tempo vemos a Petrobras apresentando resultados de pesquisas preliminares apontando a descoberta de novos poços, que alguns dizem ser a pressa por apresentar algum resultado porque o prazo concedido pela Agência Nacional de Petróleo para os blocos em poder da Petrobras e suas associadas em consórcios diversos. Assim a Petrobras ganharia mais algum tempo para comprovar a viabilidade de exploração desses campos petrolíferos. E, com isso, as ações da empresa vão subindo no mercado. O quê de real há por trás de tudo isso? A resposta é difícil, pelo menos para mim.
Mas o quê vai pelo mundo do petróleo e como a Petrobras pode estar refletino suas descobertas por aí?
No último feriado fui tomado de curiosidade quando me deparei com uma expressão nova no noticiário, pelo menos para mim: Peak Oil (Pico do Petróleo), que traz consigo o chamado Hubbert’s Peak.
Mas que tal de Hubbert’s Peak é esse que pode ter influência no mercado de petróleo? Essa é uma história que tem seu início décadas atrás.
Senão vejamos. O Peak Oil (Pico do Petróleo) foi pela primeira vez mencionado por um geólogo, pesquisador da Shell, chamado Marion King Hubbert (daí o Hubbert’s Peak, ou Pico de Hubbert), durante a década de 1940. A princípio Hubbert não conseguiu trazer a público as suas descobertas, em parte por serem potencialmente prejudiciais à sua empresa. Em 1956 Hubbert foi convidado a fazer uma apresentação sobre o futuro das reservas petrolíferas numa conferência do Instituto Americano do Petróleo. Com a indústria reunida diante de si e ignorando os apelos da Shell para que não o fizesse, Hubbert explicou como um pico na produção petrolífera dos 48 estados dos EUA continentais (US-48) poderia se comportar nos próximos 10 a 15 anos. O seu trabalho foi motivo de chacota no seio da indústria petrolífera, e até mesmo desvalorizado pelas instituições americanas. Em 1970 a produção de petróleo nestes 48 estados atingiu um pico, e tem estado em queda desde então. A produção Americana caiu de 3,5 bilhões de barris anualmente, em 1970, para 2 bilhões de barris anualmente nos dias atuais.
A teoria de Hubbert foi comprovada. Equações matemáticas ajudaram na sua consolidação. Considerando a teoria de Hubbert e suas fórmulas, os especialistas aplicaram-nas ao fornecimento mundial de petróleo verificado atualmente, o quê levou tais especialistas a preverem que pouco antes de 2010 acontecerá um novo pico.
O barril do petróleo está hoje por volta dos US$ 130, não devido a guerras, ou pela voracidade das companhias produtoras por maiores preços. Os valores atuais estão, por enquanto nesse patamar, porque a demanda está aumentando e as nações produtoras não podem aumentar suas produções. Não muito tempo atrás, a Arábia Saudita rejeitou solicitação do presidente Bush para aumentar a produção de petróleo. E o preço do barril continua subindo! Seria conveniente correr e comprar ações de empresas petrolíferas, tais como Petrobras, Exxon, Shell e outras, no momento atual?
Muitas das vezes consideramos que o melhor investimento no mercado acionário é naquelas ações que pagam regularmente bons dividendos. È um ganho sem grandes esforços e sem riscos maiores. Tudo bem, mas em um estudo desenvolvido entre os anos de 1970 e 2000, os professores Kathleen Fuller e Michael Goldstein concluíram que aplicar para obter dividendos é uma boa política, quando o mercado apresenta-se em movimento de baixa. Devemos lembrar que o Peak Oil é o ponto no qual a produção global de petróleo atinge o seu ponto máximo, entrando em um período de declínio.
O respeitado Wall Street Journal apontou há tempos que os campos de petróleo existentes no mundo estão gerando 4,5% menos barris de petróleo por ano, chegando a atingir 18% a menos, por ano, em alguns dos maiores campos no Mar do Norte, Alasca e Golfo do México.
Será essa uma boa notícia para investidores em Petrobras?
Estamos cada vez mais nos aproximando do ponto no qual as companhias com vastas reservas de petróleo já comprovadas, ou com alternativas viáveis de petróleo, alcançariam boa vantagem competitiva. Cada vez mais recursos serão injetados nessas companhias à medida que os investidores mais fracos estarão saindo de suas aplicações nas mesmas. Será o momento em que dispararão polpudos lucros para aqueles investidores que mantiverem suas posições? Será a vez da Petrobras?
Não nos esqueçamos que Warren Buffett, o homem mais rico do mundo, viu oportunidade semelhante quando comprou ações da PetroChina seis anos atrás. A PetroChina tornou-se uma ação com cotações inacreditáveis nos últimos anos, valorizando-se cerca de 850% desde o início de 2001. Buffett vendeu recentemente suas posições, auferindo “modestos” ganhos de US$ 3,5 bilhões. Evidentemente, a PetroChina é coisa do passado. Precisamos olhar para frente!
Alguns analistas americanos andam afirmando por aí que está despontando no mercado uma nova PetroChina. Uma companhia, também da área de petróleo, com pagamento de sólidos dividendos, com risco reduzido e grande potencial de lucros. Afirmam ainda que essa companhia é líder em exploração em águas profundas, tem 15 anos de reservas comprovadas e tem direitos para explorar e desenvolver uma região considerada como tendo bilhões de barris de petróleo.
Ainda dentro das avaliações desses analistas, o mercado doméstico de consumo de petróleo dessa companhia tem previsão de crescimento de 4% ao ano, até 2010 – o dobro do crescimento mundial. Ainda mais: a companhia planeja sua expansão no mercado internacional de petróleo. Dizem ainda que em seu país a companhia é praticamente um monopólio.
Repito: será essa uma boa notícia para investidores em Petrobras?
Aguardemos! Só o tempo responderá se o quê aqui está colocado poderá ser uma realidade, ou mais uma furada de analistas.

 
 

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