Sexta-feira, Julho 04, 2008

A situação atual do mercado de ações

Há mais ou menos um mês postei sobre a situação do mercado naquele momento, citando um interessante artigo de Rich Greifner sobre o mercado de ações americano. O post, na realidade, servia de alerta para a interpretação dada por muitos de nós a comentários e posições de analistas do mercado de capitais. Mas e agora, depois do que era dito pelos analistas em seus comentários próximos de 11 de junho, comparando com aqueles de maio de 2001, o que dizer?
As análises continuam, os pontos de vista não são convergentes e o mercado segue pregando sustos. Mas onde estará a verdade, o ponto de equilíbrio, ou o fundo do poço?
Temos visto que a inflação está ameaçando retornar, de forma preocupante para o mercado financeiro, não só no Brasil, mas no mundo inteiro. No Brasil, todos os índices de preços vinham apresentando projeções mais elevadas do que as anteriores, o que poderia ameaçar o tão decantado descolamento (sobre descolamento, vejam os posts de março e abril) da economia interna e da Bolsa nacional dos mercados externos. No entanto, eis que surge uma novidade:
o IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor) referente ao mês de junho apontou inflação de 0,96%, ou seja, 0,27 ponto percentual abaixo daquele registrado em maio, quando alcançou um incremento de 1,23%. Será um alento?
A renda e o crédito podem estar mostrando, ainda, alguns sinais de demanda aquecida, mas não deve ser esquecido que o nível de inadimplência tem apresentado sinais de elevação, embora ainda em níveis baixos, embora me trazendo alguma preocupação, que espero seja só preocupação. Lembremo-nos da situação dos sub-prime americanos: começou com baixa inadimplência, depois com novos empréstimos calçados nos bens adquiridos, e por aí foi, até o desastre final. É bem verdade que, por aqui, os juros estão muito elevados, o que poderia inibir a possibilidade de refinanciamento, mas.....
A se configurar uma desaceleração da demanda interna, as margens de ganho das empresas nacionais poderá ser afetada, atingindo, por conseqüência, a Bolsa de Valores.
Ontem, a CNI
(Confederação Nacional da Indústria) divulgou relatório onde está indicado que o ritmo de crescimento da indústria de transformação brasileira, em maio, apresentou alguma desaceleração, considerando aspectos relacionados com itens ligados à produção e itens vinculados ao mercado de trabalho. O relatório aponta que as horas trabalhadas em produção recuou 0,1%, quando comparado com abril.
Por outro lado, o faturamento das indústrias de transformação subiu 0,9% e capacidade instalada apresentou uma utilização na casa de 83,2%. Praticamente constante nos últimos nove meses. Não tão mal assim!
Caso os preços continuem subindo, as margens operacionais das empresas poderão sofrer pressão negativa, já se os preços vierem a cair, o crescimento do país poderá ficar comprometido. E os lucros das empresas? Provavelmente tenderão a cair, em qualquer uma das hipóteses. Teoricamente, pior para a Bolsa. Mas, no Brasil, será tudo isso uma verdade definitiva? O passado não tem mostrado completamente essa verdade. Aguardemos!
Pelo mundo a fora, a escalada inflacionária preocupa. As commodities apresentam a cada dia novos recordes.
Ontem saiu o relatório de emprego (ou desemprego) nos Estados Unidos. Mais demissões. Menor número de empregados acarreta diminuição da renda familiar, logo, menor consumo e, por decorrência, menor volume de vendas para as empresas americanas. Como conseqüência, pressão sobre o PIB americano, pois o consumo representa cerca de dois terços do indicador. Tudo isso, decorrência do aumento do valor das commodities, que acarreta aumento nos custos de produção. Com a diminuição do número de empregados e conseqüente diminuição da renda fmiliar, as empresas sentem dificuldade para repassar o aumento da matéria-prima para o preço do produto final; daí precisa ajustar a perda de margem com a demissão de trabalhadores. Onde terminará o ciclo em que se meteu a economia americana e que está arrastando as demais economias mundiais?
E o preço das commodities não cedem. Ainda ontem, o barril do petróleo registrou novo recorde nos mercados internacionais. Culpa do presidente da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), Chakib Khelil, que declarou acreditar que o preço do barril de petróleo chegaria a US$ 170, ou culpa do presidente do grupo produtor russo Gazprom, Alexei Miller, que em entrevista ao Financial Times previu o preço do barril ultrapassando US$ 250 em breve?
Muitos dizem por aí que o elevado preço das commodities é fruto de pura especulação. O que de fato está por trás de tudo isso, não é fácil descobrir. Na verdade, ocorre falta de alimentos no mundo, os conflitos envolvendo países, ou regiões, grandes produtores de petróleo, não cessam. Cada dia mais conflitos surgem; o mais recente surgiu no Oriente Médio, envolvendo Israel e Irã. Falta petróleo, ou derivados, na China, que alerta para a possibilidade de precisar importar volumes recordes de derivados, ainda este ano.
Com relação à falta de alimentos, a necessidade de maior empenho no incremento da área plantada para produção dos gêneros alimentícios, passa pelo emprego em larga escala de fertilizantes, o que também é uma escassez mundial, além de serem produtos com alta participação de derivados de petróleo. logo, preços elevados.
Mais uma vez, lanço a pergunta que venho martelando há algum tempo: o que vem acontecendo poderá ser benéfico para a nossa Petrobras?
Vejamos alguns pontos. Bancos de investimentos americanos projetam para as grandes empresas do setor petrolífero um futuro promissor, em decorrência do crescimento das reservas internacionais de óleo, fruto das recentes descobertas. É aí que surge a Petrobras, com incremento de reservas e de volume de produção. Os analistas desses bancos projetam um crescimento da ordem de 7% na produção da Petrobras no corrente ano e uma expectativa de cresciemnto produtivo em 2009 que beira os 8%, o que coloca a Petrobras em destacada posição, quando comparada às grandes empresas do setor. Não nos esqueçamos que a Petrobras tem demonstrado bastante interesse em participar ativamente da área de fertilizantes no Brasil. E os combustíveis alternativos? A Petrobras também tem grande interesse no segmento. Visão empresarial, ou anúncio para a platéia? Até o momento, a Petrobras, como empresa, ainda não demonstrou ter se beneficiado do elevado aumento do preço do barril do petróleo no mercado internacional. Vários fatores contribuem para isso, dentre eles: altos níveis de importação, mesmo com o dólar baixo do jeito que está; não aumento da gasolina no Brasil para o consumidor final, já há muito defasado. Elevados investimentos em pesquisa, e por aí vai.
Sobre o assunto descolamento do mercado brasileiro
Então, estejamos atentos ao desenrolar dos próximos eventos!

 
 

0 Comments:

Postar um comentário

Links to this post:

Criar um link

<< Home