Sábado, Setembro 06, 2008

Como anda o mercado de ações

Nos últimos meses temos nos deparado com situações não vistas há muito no mercado bursátil, em todo o mundo. A crise dos sub-prime nos EUA desencadeou um processo que já vinha se imaginando.
Sempre fic
ava a pergunta: quando as Bolsas vão parar de subir? Existe realmente tanto dinheiro em circulação no mundo que permite altos valores de negociação nas Bolsas, nos mercados de commodities, nos mercados imobiliários e em tantos outros mercados? As repostas não são mutio fáceis. Explicações apareceram aos montes. Mas onde estaria a verdade? Acredito que ninguém tenha plena certeza do que ocorreu, pois os especialistas continuam dando explicações não muito coerentes.
Mas, o que nos importa é a Bolsa de Valores. As notícias mais recentes dão conta de que, no mundo, as Bolsa de Valores perderam, até agosto do corrente ano, US$ 6,4 trilhões. No Bras
il, as perdas atingiram cerca de US$100 bilhões, com as empresas negociadas na BOVESPA perdendo algo como 10% de seu valor de mercado, em dólar americano. O mercado brasileiro foi um dos que mais foi atingido pela derrocada das Bolsas. Mas por que?
De há muito venho prestando atenção nos movimentos da BOVESPA, tendo observado que os investidores(?) estrangeiros exercem um peso decisivo em nosso mercado, acredito que, principalmente, devido ao fato de que a maior das empresas que possuem ações negociadas por aqui, participando com grande peso na composição do ìndice BOVESPA, também negociam papéis nas Bolsas americanas, por meio de ADRs (American Depositary Receipt). Imagino que, qualquer espirro por lá, se transforma numa forte gripe por aqui.
Não bastasse isso, os investidores estrangeiros, que aplicam por aqui, quando a situação está desfavorável mudam de posição imedi
atamente e caem fora, sem medo. Os investidores nacionais que se danem!
Função das observaçõ
es que vinha fazendo, resolvi montar uma planilha, a partir de final de junho de 2008, procurando visualizar como se comportavam as movimentações de compra e de venda de investidores nacionais e de investidores estrangeiros, na BOVESPA.
Os dados coletados ainda são poucos, correspondendo a cerca de 47 pregões, mas acredito que já dá para tirar alguma informação. Os gráficos aqui apresentados mostram o resultado.
Para terem uma idéia do
que falo, no acumulado do período 01/07/08, até ontem - 05/09/08, os investidores estrangeiros retiraram da Bolsa brasileira, algo próximo de US$ 5 bilhões, enquanto os investidores nacionais colocaram na Bolsa brasileira importância equivalente a US$ 1,3 bilhão. É poupaa brasileira indo embora do país! Torço para estar errado.
Assim, precisamos acompanhar mais de perto como os investifores estrangeiros estão se comportando com suas negociações no mercado brasileiro. Se estiverem comprados, talvez seja uma boa hora de acompanhá-los. Em caso contrário, cair fora tal como eles fazem. Para isso ter sucesso, é preciso muita agilidade. Boa sorte para todos!

 
 

2 Comments:

  • Pus no meu blog um comentário sobre a crise americana, embora confessadamente não entenda lhufas de Economia, o que não impede que dê meus pitacos. Seguem excertos.

    29/09/2008
    Capital especulativo

    Pois é, parece que vai acabar o império do rei “Mercado”. Graças a Deus, já acaba tarde. Xô satanás!!!
    Nas poucas vezes em que me detive sobre a Economia (decididamente, não é minha praia), sempre procurei deixar patente que não estou convencido de que o Senhor Mercado rege o mundo. E lavrei meu modesto protesto quanto a essas políticas pouco nacionalistas que tornam o país dependente dos investimentos externos. O Estado tem que ser maior do que o Mercado. Não pode se curvar a ele.
    Ora, todos sabemos que o capital externo que vem ao Brasil é, em sua imensa maioria, especulativo. Está aplicado aqui enquanto convier ao especulador estrangeiro, nunca se comportando como investimento.
    (...)
    Outra febre foi comprar dólar. Ou ouro. Isso nunca me atraiu por uma simplérrima razão: se eu investisse 1.000 cruzeiros (o salário de um mês) em ações, dólar ou ouro, poderia ver meu investimento subir 30% de um dia para o outro, ou de uma semana para a seguinte. Porém, se eu vendesse (“realizasse” o lucro), não conseguiria mais comprar nem o que vendera. Se eu tinha 1.000 ações, com a valorização, ia poder comprar, talvez, 700 ao vender aquelas 1.000. Isso também ocorria com o dólar (e continua acontecendo).
    Acho que investir é aplicar com algum objetivo. Por exemplo, tenho o plano de comprar uma casa própria. Em vez de pôr na poupança tudo o que posso economizar, aplico parte em ações (se o mercado estiver com perspectivas de subir). E saio daquela aplicação ao atingir meu objetivo (ou seja, já ter obtido a valorização almejada). O que estraga é a ambição ilusória do lucro fácil.
    O investidor em Bolsa, se não for um profissional (e existem muitos), é um otário (entra induzido ou iludido, e tem alta probabilidade de se arrepender mais tarde). Comparo quem investe em Bolsa, sem ser profissional, a quem entra em um cassino e começa ganhando. Deslumbra-se e vai reaplicando, apostando de novo, o “lucro” até perder tudo – é inevitável: tudo que sobe desce, não há bem que sempre dure. Esses jogadores são irresponsáveis!
    Já ensinava Aristóteles Onassis: “aposte o dinheiro alheio, jamais o seu”.

    Em 1968, lembro-me bem de um dos booms da Bolsa de Valores, quando se tornou assunto indispensável nos noticiários diários a cotação de blue chips E tome de falar em Banco do Brasil ON e OP (anda existiam ações ao portador), Petrobrás, CSN, Vale do Rio Doce, .... (note-se que todas paraestatais).

    A diversão (que diversão!) de muitos colegas era passar a hora do almoço no “aquário” da Praça XV, onde funcionava a BVRJ. E, creio, muitos deles perdiam fios de cabelo quando havia uma variação negativa. Ao longo do tempo, somente quem não se desesperou (isto é, quem manteve a esperança e, de fato, aplicou a longo prazo) pode e deve ter ganho bom dinheiro.

    Outra febre foi comprar dólar. Ou ouro. Isso nunca me atraiu por uma simplérrima razão: se eu investisse 1.000 cruzeiros (o salário de um mês) em ações, dólar ou ouro, poderia ver meu investimento subir 30% de um dia para o outro, ou de uma semana para a seguinte. Porém, se eu vendesse (“realizasse” o lucro), não conseguiria mais comprar nem o que vendera. Se eu tinha 1.000 ações, com a valorização, ia poder comprar, talvez, 700 ao vender aquelas 1.000. Isso também ocorria com o dólar (e continua acontecendo).

    By Blogger jotacelso, at 30/9/08 11:30  

  • Olá João Celso!
    Antes do mais, obrigado pelo escrito em meu blog. Será sempre uma honra tê-lo por aqui.
    Quanto ao que escreveste, é muito por aí que devemos considerar nossos investimentos.
    Ainda lembro, lá pelos idos de setenta e poucos, quando a vedete da Bolsa era a ação do BB, que subia $1 por dia e todos estavam altamente eufóricos. Em um daqueles dias, vinha eu para casa de carro, trazendo meu pai de sua oficina mecãnica, quando comentei o fato acima mencionadao.
    Ele prontamente comentou do alto de sua sabedoria de formação escolar primária: "Acreditas que isso durará a vida toda? Você só pode considerar que ganhou na Bolsa, ou em outro qualquer investimento, quando vende e bota o dinheiro no bolso, e não na Bolsa. Tenha prudência e serás sábio".
    Sempre ouvi os conselhos e opiniões de meu pai. No dia seguinte mandei vender tudo, pensando: se a Bolsa cair, compro tudo mais barato. O que aconteceu dali a alguns dias? Não deu outra, a Bolsa despencou e ficou um bom período em baixa. produtos desvalorizaram-se, o dinheiro escasseou, pois o pessoal andava vendendo apartamento para investir na Bolsa e deu no que deu. Onde coloquei meu dinheiro? Na pobre e mal remunerada caderneta de poupança, ouvindo as críticas do saudoso Álvaro Freire, pois seu irmão era graduado no BB e achava que as ações não parariam de subir.
    Nos dias de hoje, muito embora nosso presidente acredite que haverá uma simples marolinha por aqui, duvido muito. Não por pessimismo, mas pelos fundamentos da economia brasileira.
    As empresas foram levadas a tentar se proteger comprando dólar, fazendo uso dos créditos de exportação, utilizando os famosos ACC (Adiantamento de Contratos de Crédito). O dólar disparou. E agora como ficam as dívidas das empresas. Lá se vai o crescimento do país pelo ralo, mais uma vez.
    E os bancos pequenos? Tomavam dinheiro no exterior para empréstimo local. Estavam muito alavancados. Agora se danam, vendendo os créditos concedidos aos bancos maiores. Acredito que também estes sofrerão pois, embora estejam abaixo dos níveis tolerados pela Convenção de Bruxelas para concessão de crédito, frente ao patrimônio, precisam restringir ainda mais suas concessões e aumentar o número de investidores dispostos a financiá-los. mas quem se arriscará.
    Vejo que a coisa ainda vai gerar um marolão (sem pessimismo!). Acredito mesmo que o mais certo nessa história toda, é o Meirelles, que pouco, ou nada, fala.
    Aguardemos. Abraços.

    By Blogger LCDias, at 6/10/08 12:25  

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