No último post falávamos das preocupações do mercado com os desdobramentos da crise americana e sobre a possibilidade de as commodities serem atingidas, provocando preocupações ao Brasil, forte exportador. Não precisamos esperar muito, pois logo no dia seguinte começamos a ver o valor das matérias-primas caírem nos principais mercados internacionais, algumas chegando a apresentar queda de 9,5%.
Perguntamo-nos, então, se essa seria a projeção para prazo mais longo. É a grande dúvida dos analistas. Mas, os mesmos analistas acreditam que os preços das commodities não poderiam ser mantidos nos patamares que alcançaram nos últimos tempos.
Os preços das commodities tiveram sua maior desvalorização em uma única semana desde pelo menos 1956, com a possibilidade de redução no consumo global vinda com uma desaceleração no crescimento do mundo. Um dos indicadores de preço de matérias-primas mais relevantes, o índice CRB da Reuters/Jefferies caiu 8,3% da sexta-feira da semana passada até ontem. O indicador mede o desempenho de uma cesta de 19 produtos, como petróleo, cobre, soja e milho, entre outros.
Já verificamos que o petróleo caiu nesta segunda a menos de US$ 100 o barril com o anúncio da Arábia Saudita de reassumir o cumprimento das demandas dos consumidores e os analistas internacionais acreditam que os preços estão voltando ao normal.
Já no Brasil, analistas locais entendem que a queda no preço das commodities seguirá preocupando os investidores nesta semana. Não sem razão, pois mais da metade da composição do índice Bovespa está diretamente ligada às ações da Vale e da Petrobras, grandes produtoras de matérias-primas e que apresentaram queda na semana anterior de 10,47% e 11,43%, respectivamente.
Nesta segunda-feira já constatamos oscilações fortes nas Bolsas asiáticas, que fecharam em alta influenciadas pela Bolsa de Taiwan, a qual teve alta de 4% depois da vitória do partido de oposição nas eleições presidenciais, o que gerou expectativas de crescimento no comércio e menor tensão política com a China. A Bolsa de Seul (Coréia do Sul) teve alta de 0,6%, enquanto em Cingapura o mercado saltou 2,5%. Na Bolsa de Tóquio (Japão) a alta chegou a 1,4%, mas fechou praticamente estável. Na China, as Bolsas iniciaram a semana em forte queda, depois que o principal indicador do mercado de Xangai perdeu durante a semana passada 4,2%, após cair 7,86% durante a anterior e 1,1% nos primeiros dias de março. Em Xangai, o índice geral terminou a jornada em queda de 4,49% de baixa, enquanto em Shenzhen, a perda foi de 4,52%.
Assim, dependendo de quanto tempo ainda os EUA precisarão para solucionar seus problemas internos, de quanto a economia chinesa será afetada pela crise americana, poderemos avaliar melhor as implicações de tudo que está acontecendo.
Pelo visto teremos mais uma semana tensa nos mercados e precisamos estar atentos para os desdobramentos da crise americana na semana que entramos. Olho nos indicadores por lá!