O ano está terminando. UFA!!!!
Para mim, foi um ano de muitas bênçãos e vitórias, tudo conforme Deus me reservou. Minha neta, Maria Luiza, a guerreira, recebeu mais uma grande graça do Senhor, saiu-se muito bem da cirurgia a que se submeteu. Hoje está lépida e fagueira, cheia de energia. Meus filhos conseguindo cada vez mais vitórias em suas áreas pessoal, profissional e espiritual. Minha mulher, mais dedicada do que sempre às suas netas, sem descuidar do lar e de seu trabalho voluntário. Só bênçãos. Agradeço a Deus.
Com relação à Bolsa de Valores, o ano não foi ruim, pois dediquei minhas aplicações àquelas ações que regularmente rendem bons dividendos. Tive sucesso com a estratégia montada. Falarei mais sobre o asunto daqui a pouco.
Todos sabemos que a crise que vive hoje o mercado financeiro mundial teve início com a crise do sub-prime, nos EUA. Uma crise financeira desencadeada em 2006, a partir da quebra de instituições de crédito dos Estados Unidos, que concediam empréstimos hipotecários de alto risco, arrastando vários bancos para uma situação de insolvência e repercutindo fortemente sobre as bolsas de valores de todo o mundo. A crise foi revelada ao público a partir de fevereiro de 2007, configurando-se como uma crise financeira global. A partir de 18 de julho de 2007, a crise do crédito hipotecário provocou uma crise de confiança geral no sistema financeiro e falta de liquidez bancária.
Em agosto e setembro de 2008, a crise, acumulada deste 2007, chegou ao auge, com a estatização dos gigantes do mercado de empréstimos pessoais e hipotecas - a Federal National Mortgage Association (FNMA), conhecida como Fannie Mae, e a Federal Home Loan Mortgage Corporation (FHLMC), apelidada de Freddie Mac - que estavam quebradas.
Logo em seguida, veio o pedido de concordata do tradicional banco de investimentos Lehman Brothers, com mais de 150 anos de existência e um dos pilares financeiros de Wall Street, e a venda, ao Bank of America, da corretora Merrill Lynch, uma das maiores do mundo.
A cascata de falências e quebras de instituições financeiras provocou a maior queda do índice Dow Jones, da bolsa de valores de Nova Iorque e de bolsas de valores internacionais, desde os atentados de 11 de setembro de 2001. Daí para a frente, é história que todos nós conhecemos.
Depois de tudo passado, aparece em um jornal de grande circulação no Brasil matérias e artigos de conceituados colunistas falando sobre as perdas da bolsa de valores de São paulo (algo como R$ 871 bilhões), sobre o que isso representava (o equivalente a quase duas Petrobras, em valor de mercado) e que, no mundo, desapareceram US$ 30 trilhões: o equivalente a dois EUA.
Minha visão sobre o assunto não está muito de acordo com a figuração feita. Primeiro, porque as previsões feitas no início do ano por analistas e comentaristas brasileiros, não levaram muito em conta, em minha modesta opinião, o cenário que o mundo já vivia àquela época (janeiro de 2007). O importante na ocasião era falar da exuberância do mercado de renda variável e que a bolsa de São Paulo chegaria ao final do ano de 2008 entre 70.000 e 80.000 pontos. Aos 70.000 ela chegou, mas não se sustentou e despencou por conta da situação geral. Ao mesmo tempo, o Citigroup, em janeiro de 2007 informava que "após seguidas revisões de cenários, o ano de 2008 poderia ser marcado como uma ano de grandes prejuízos, após 5 anos consecutivos de alta nas bolsas" e o Merrill Lynch já suspeitava "de um início de recessão nos EUA, após a divulgação do relatório de Emprego" (ou Desemprego). Já em março, o mega-investidor Warren Buffett afirmava que "mesmo não apresentando queda consecutiva trimestral no PIB, os Estados Unidos já se encontram em recessão"; Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (o Banco Central Americano), afirmava que "inadimplências e execuções hipotecárias aumentarão e preço das moradias terá queda" (nos EUA).
No Brasil, março foi marcado pela fuga de capital externo, tendo sido registrada uma saída de R$ 1,915 bilhões, o que veio a se agravar nos meses seguintes. Tudo isso, teria, como teve, influência direta no comportamento dos mercados financeiros ao redor do mundo e o Brasil não poderia estar fora.
As previsões brasileiras já poderiam ter sido revistas a essa altura do campeonato. Mas a bolsa continuava subindo, por que mudar a expectativa? Ainda por cima, existia a hipótese de o Brasil obter o Investment Grade, que colocaria o país em situação privilegiada no cenário internacional. Isso ocorreu efetivamente em abril, quando duas agências internacionais conferiram ao Brasil o Grau de Investimento. Felicidade geral! Agora a bolsa dispara e o país será alvo de entrada maciça de capital estrangeiro para investimento. A euforia tomou conta o mercado brasileiro. Os resgates da Poupança superavam as aplicações; a captação líquida era negativa em R$ 1,85 bilhões. para onde foi esse dinheiro?
Em maio, mais agências conferiam o Grau de Investimento ao Brasil. Mas, no mesmo mês de maio, mais precisamente a partir do dia 29, as bolsas no mundo começaram a cair e a brasileira não ficou apara trás.
Em junho, as bolsas americanas já registravam perdas anuais na casa dos 8% e em agosto, dez bancos americanos já tinham se declarado insolventes e pedido falência por conta de envolvimentos com os sub-prime.
Devido à crise financeira que se instaurou no mundo, os governos dos diversos países e bancos centrais, passaram a tomar medidas para conter o estrangulamento que as economias mundiais estavam enfrentando. Injeção de dinheiro na economia, redução de juros, devido à falta de crédito, e por aí a coisa ia. Mas não podemos nos esquecer de que medidas econômicas não têem efeito imediato na economia. Sempre existe um tempo de maturação para que os diversos agentes se recomponham e esse tempo vai, historicamente, de 6 meses a 1 ano.
Novas expectativas existem pelo mundo. A maior talvez seja a posse de Barack Obama na presidência dos EUA, dia 20/01/2009. Ele assumirá a presidência enfrentando uma situação crítica, com uma crise econômica e financeira grave para administrar.
Ao mesmo tempo que o país (EUA) clama por ações com efeito no curto prazo, Lawrence Summers, um dos principais assessores econômicos de Obama, diz que "esta não é a saída para escapar do quadro atual".
Consciente da situação de dificuldades, o assessor afirma que "o grande compromisso de Barack Obama é com políticas de médio e longo prazo". Por aí passam investimentos em infra-estrutura, educação, saúde e esforços para reduzir a dependência com as importações de petróleo. Tudo isso assocido à geração de empregos, principalmente no setor privado.
E no Brasil? Embora não exista uma consciência consolidada por parte da população, o país já foi atingido pela crise e precisa, no curto prazo, tomar medidas fortes para contê-la, mesmo com fundamentos sólidos em nossa economia. Ainda ontem conversava com um amigo e ele me dizia que, ao receber uma máquina de lavar que havia comprado, indagou do entregador se o trabalho de entregas neste final de ano estava duro, ao que o entregador respondeu: "Doutor, o normal seria fazermos 60 entregas por dia; estamos fazendo mais ou menos 30". Acredito que seja uma medida do que vivemos por aqui e que não aparece nos estudos, ou estatísticas.
O que esperar para 2009? Continuo com minha convicção de que crise sempre é momento de oportunidades. Há que procurar com calma, para saber onde elas estão. Por que na crise aparecem as grandes oportunidades? Talvez porque a crise contamine decisivamente o emocional das pessoas e, então vem aquele fantasma: se a crise está aí, será que meu dinheiro, conseguido com dificuldades, não irá sumir de uma hora para outra? Calma é a palavra chave. Há que se procurar as oportunidades com sangue frio. Bem sei que não é tarefa fácil.
Como diria o pedreiro do comercial na TV, vejam bem: enquanto a bolsa de São Paulo caiu cerca de 48% no ano, as ações da Nossa Caixa subiram cerca de 200% no ano, tudo por conta de uma intenção do Banco do Brasil por comprar a Instituição, o que, de fato, veio a acontecer.
Outra boa oportunidade de ganhos está em adotar uma estratégia cuidadosa com relação a empresas que, costumeiramente, pagam bons dividendos. Ações que, no passado, eram consideradas ações de viúvas; aquelas que traziam um rendimento certo todo ano. Pode ser argumentado que, com a crise, as empresas venderão menos, seus lucros serão menores e, por conseqüência, os dividendos serão baixos. É verdade. Mas o preço das ações também estará menor. temos que correr atrás das exceções e procurar os segmentos que são mais ou menos blindados em relação à crise.
Existem sim, segmentos que pagam tradicionalmente bons dividendos, independente da situação que o país atravessa, são empresas que adotam a prática da Governança Corporativa com rigor e, por isso, contemplam seus acionistas com dividendos interessantes.
Não vou aqui cometer a leviandade de dizer quais ações devem ser compradas para conseguir bons dividendos. Uma análise criteriosa deve ser feita por cada um mas, historicamente, empresas como Souza Cruz, AES Tietê, Telesp, Tractebel, Bradesco, Eletropaulo, Equatorial Energia, Light, CPFL Energia, Gerdau, CEMIG e Energias do Brasil, normalmente fazem a alegria de seus acionaistas com bons dividendos. Ganhar com a valorização das ações em bolsa é um bom negócio; isso só ocorre quando o mercado está favorável.
Lembro um ponto que considero dos mais importantes e que sempre é dito por aí, mas pouco praticado pelos investidores: não colocar todos os ovos em um mesmo cesto, ou seja, as aplicações devem ser diversificadas e procurando sempre respeitar um máximo de 30% do capital total, colocado em cada aplicação, principalmente em renda variável, onde o risco, sem dúvida, é maior.
Com relação às tradicionais blue-chips, surgiu uma notícia nova que pode animar quem está posicionado em mineradoras e siderúrgicas. A Baosteel acabou de elevar seus preços de produtos siderúrgicos para o próximo mês de fevereiro, entre 3 e 8%, dependendo do tipo de aço. Ainda sem confirmação oficial, esse aumento poderá trazer benefícios para concorrentes brasileiros. É hora de ficar atento.
Não tenho muita dúvida quanto à recuperação da economia mundial, ainda em 2009, a partir do segundo semestre. Acredito que a recuperação começará pelos mercados internos, com geração de empregos para geração de renda e reativação dos negócios, com redução dos juros e aumento do crédito. Minha avaliação é de que primeiramente sejam beneficiados aqueles segmentos de maiores necessidades para a população como energia, telecomunicações, habitação e alimentos; não podemos nos esquecer dos segmentos que atendem o emocional dos indivíduos, tais como bebida e fumo, principalmente nos períodos de incerteza; depois virão as ações nos mercados externos, quando as commodities poderão voltar a brilhar.
Por hoje é isso aí. Um bom ano para todos e que suas aplicações venham a gerar bons resultados. Deus os abençoe.